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Algumas palavras sobre o caso Zara

domingo, 21 de agosto de 2011

Não é novidade para ninguém. Essa semana, a super conhecida fast fashion Zara, foi alvo de denúncias seríssimas envolvendo a forma como suas mercadorias eram produzidas.


A grife espanhola é acusada de maus tratos a funcionários terceirizados em São Paulo e de fazer contratações ilegais, submetendo seus contratados a regime de trabalho escravo. Em recente operação que fiscalizou oficinas subcontratadas de fabricante de roupas da Zara, 15 pessoas, incluindo uma adolescente de 14 anos, foram libertadas de trabalho escravo em plena capital paulista.

A denúncia partiu do programa A Liga, da TV Bandeirantes, que realizou uma matéria sobre o assunto, filmando em uma das oficinas onde a prática ocorria.

Foi a maior operação do Programa de Erradicação do Trabalho Escravo Urbano da SRTE/SP, encabeçada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo   desde que começou os trabalhos de rastreamento de cadeias produtivas a partir da criação do Pacto Contra a Precarização e Pelo Emprego e Trabalho Decentes em São Paulo - Cadeia Produtiva das Confecções. 

As condições de trabalho encontradas pelos agentes e repóteres incluía contratações  ilegais, trabalho infantil, condições degradantes, jornadas exaustivas de até 16h diárias, cerceamento de liberdade, pagamentos abaixo do piso mínimo do país dentre outros. Para evitar denúnicias, os trabalhadores ficavam confinados em cômodos apertados, com pouca janelas e em sua maioria, escuros, pois usavam cortinas escuras para impedir a visão do que acontece dentro das oficinas improvisadas em pequenas casas.


A escravidão ganhar contornos de uma crueldade maior ainda quando observamos que não são todos os trabalhadores que estão sujeitos a essa condição de exploração, mas somente os imigrados indígenas. Todos os trabalhadores brasileiros contratados em qualquer um dos pontos da cadeia produtiva estavam devidamente registrados na Carteira de Trabalho e Previdência Social, com jornadas de trabalho condizentes com a lei, e garantidos em seus direitos trabalhistas e previdenciários. Por outro lado, os trabalhadores imigrantes indígenas encontram-se em situação de trabalho deplorável e indigno, em absoluta informalidade, jornadas extenuantes e meio ambiente de trabalho degradante. Em virtude disso, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lavrou 48 autos de infração contra a Zara devido as irregularidades. Um dos autos se refere à discriminação étnica de indígenas.

Quem vê as belíssimas roupas da estação nas vitrines das lojas da Zara não imagina que, algumas delas, foram feitas a custas de trabalho escravo. Principalmente porque as peças custam caro. As lojas, sempre tão bem decoradas, com vendedores atenciosos e excelente recepção, mascaram um sistema abusivo de contratação que, tenho certeza, se todos soubessem, não consumiriam. E a pergunta que fica é; por quê, com tanto dinheiro (existem peças de R$ 500,00 ou mais na marca!) submeter seus funcionários a esse quadro? Em que medida vai a ambição humana para permitir esse tipo de coisa?

O que mais me choca é saber que tem gente que simplesmente ignora esse fato. Não se incomodam com o fato de o que estão vestindo ter sio produzido nessas condições, ou que a Inditex (grupo que detém o nome Zara) não teria responsabilidade direta no caso. A empresa tem responsabilidade sim. Nem a Inditex e nem a Zara podem se dar ao luxo de ignorar como as roupas que lotam as araras nas lojas são produzidas. Tem o dever de saber quem trabalha para ela, pois esses trabalhadores estavam produzindo peças seguindo determinações da empresa. Essa é a atividade fim da empresa, a razão de sua existência. Portanto, é dever dela saber como suas peças estão sendo produzidas em qualquer parte do mundo.

Responsável por trazer a marca Zara para o Brasil, em 1998, o presidente da Azul Linhas Aéreas, Pedro Janot, afirmou que o flagrante de trabalho foi um acidente. Acidente? Isso é chamar a nós, consumidores de idiotas.

Fui consumidora da Zara durante bom tempo e algumas das minhas melhores peças de roupa são de lá. Mas não sou otária e tampouco insensível para continuar consumindo de uma empresa que não se incomoda, minimamente, com seus contratados. Pior: com os funcionários que são a base de seu sucesso - os costureiros.

Abster-se desse assunto é, no mínimo, assinatura clara de egoísmo. Quem não se incomoda com o caso Zara e trata como algo corriqueiro é justamente aquele que vai perpetuar essa estrutura injusta, rindo da exploração do próximo.

Enquanto a empresa não se retratar e novas auditorias forem feitas, eu não pretendo consumir um botão da Zara. E tenho certeza de que muitos com o mínimo de senso, farão o mesmo.

Feio, Zara. Muiot feio.


http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1925

Fica a dica! =)

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