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Como ser fashionista e não ser uma fashion victim?

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Tenho reparado já algum tempo uma coisa: as pessoas que mais entendem e gostam de Moda são justamente aquelas que menos consomem (consumir no sentido de comprar, pois há outras formas de consumo). Contraditoriamente, essas pessoas (que são estilistas, editores de revistas de Moda, it-alguma coisa ou mesmo estudiosos do assunto) que produzem material de/sobre/para Moda, não são vítimas dela. Como isso é possível?

Simples. Existem níveis de consumo. 

O nível mais comum e divulgado é o "use marca X, Y, Z... e seja cool, hype, moderninho...". Para essas pessoas, é importante estar sempre no trend. Lança-se uma nova tendência, uma nova peça, uma nova cor e lá vão as vítimas da Moda, consumir, comprar desenfreadamente. O termo fashion victim foi originalmente cunhado pelo estilista Oscar de la Renta para definir pessoas que são incapazes de identificar limites da moda comumente reconhecidos. São aqueles indivíduos maravilhados com o materialismo proporcionado pelas coleções que não param de se renovar nas araras das lojas e acabam usando tudo o que vêem pela frente, muitas vezes, ao mesmo tempo. Trata-se de gente muito preocupada em chamar a atenção custe o que custar; ostentando um pseudo conhecimento de Moda (em termos estéticos pode até funcionar, mas a Moda em si já pede pela moderação).

O próximo nível são justamente dos produtores de/sobre/para a Moda. Eles não estão interessado em estar com o sapato da estação. Tampouco a bolsa do momento, ou mesmo com o esmalte bapho. Eles curtem aquilo, escrevem e produzem porque na cabeça deles é como arte. A graça maior está em entender o conceito de uma coleção do que usar enlouquecidamente toda a coleção.

As pessoas desse nível específico, na maioria das vezes, se vestem de forma muito parecida diariamente. Karl Lagerfeld, por exemplo, sempre usa seu terno, luvas e jóias. Pedro Lourenço, seu terno escuro e camisa branca. A.  Herchcovitch, sua camisa e jeans. E se repararmos na maioria dos editores de revistas de Moda, eles seguem sempre a mesma linha.

O que será que ocorre com eles? Será que eles não tem desejo de usar as peças vistas nas passarelas?

Eu acho que sim. Mas eles sabem o que funciona ou não no corpo deles. Eles sabem o que tem ou não a ver com o estilo deles. As cores favoritas, o que é confortável, o que dialoga com suas idades... Parece besteira, mas isso já dá uma filtrada em 70% de muito que se vê e vende por aí. 

E não é de se espantar que essas pessoas sequer tenham paciência para comprar roupas. Daí vermos sempre com os mesmo tons, acessórios, modelagens... variando apenas uma ou outra coisa (incluída no look depois de muitas análises, tenho certeza!).

Isso significa que devemos agora deixar de usar looks totalmente diferenciados? Ou deixarmos de comprar? Não!

Mas acho que é super válido se perguntar sobre a sua relação com a roupa. Em tempos de sustentabilidade e consumo responsável, será que ter tanta roupa, tanta bolsa, tanto sapato e etc só porque é trend vale a pena? E será que tudo que é trend fica bem em você? Invés de um armário abarrotado de roupas que você usa  3 vezes e olhe lá, por que não um com peças que você repete e repete porque ficam super bacanas no seu corpo, refletem o seu estilo e etc?

Glória Kalil já disse que repetir roupa é super chic. Nina Garcia declarou ter pena das vítimas de Moda, pois compram itens que só valem por uma estação e nada mais. Há quem diga que no fim da vida, Chanel só tinha 4 ou 5 conjuntinhos feitos por ela e algumas camisas. Alternava saias com blusas e blazeres, arrematando com acessórios. Fazia sucesso por onde passava.

Ser fashionista e não ser fashion victim é simples. É só se permitir estudar, conhecer mais. Os grandes ídolos das fashion victims são justamente aqueles que repudiam o consumo excessivo de Moda. Não tem nada que grite de mais desenformado do que isso!

Acima de tudo, é não confundir o ter com ser.

Fica a dica!

1 comentários:

Carol disse...

É isso aí! ;)

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Uma historiadora fã de moda, design, rock e demais excentricidades. Seja, mas seja único!

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