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As incongruências do Mundo da Beleza

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O que mais leio nas revistas de LifeStyle, Moda e afins é que a roupa e seus acessórios é uma das formas de você se expressar. Que há modelagens, padrões, cores para todos e que a Moda, mas acima de tudo, a Beleza, não deve ser excludente, mas abrigar a todos os tipos de grupos.

Na contra-mão desse discurso, cada vez que eu abro uma revista ou vejo um post em algum blog, presencio uma celebração da magreza e branquitude. Modelos cada vez mais anoréxicas ocupam ensaios onde vende-se a idéia de que quanto mais magra você for, mais bonita você será.

Não vou negar não: moda plus size me faz rir. Mas não porque eu tenha algo contra as gordinhas. Mas porque as roupas para essas meninas são, em sua maioria, feias. Não há o mínimo de preocupação em criar modelagens, escolher cartelas, tecidos que favoreçam essas moças, mulheres e senhoras! Dai, a máxima "Tudo fica bem em Magro" ganha eco. Não é bem assim.

Como ignorar a história da modelo Crystal Renn e sua batalha contra a anorexia? Após se recuperar do distúrbio, a jovem foi uma das modelos a levantar a bandeira da Moda para gordinhas, questionando por que não seria belo ver as incríves criações das Maisons desfiladas por modelos com curvas mais interessantes que esqueletinhos ensaiados.

A modelo Tara Lynn (da foto ao lado) é dona de um manequim 46 e faz sucesso no exterior e aqui no Brasil. Casos como esses se multiplicam pelo mundo, mas ainda parecem ser mais exceções do que regras, mostrando como o meio que trabalha e vende a beleza ainda é cruel com certos assuntos.

O que dizer da questão racial? Ter a pele clara, em muitas culturas, é símbolo de status, de "superioridade" (pensemos na África, a Índia, no Oriente Médio...). Há uma supervalorização do esteriótipo europeu em todos os níveis.

Um blog que eu gosto muito, De Chanel na Laje, fez uma interessante reflexão sobre a questão da pele no mundo da beleza. A autora afirma ser totalmente incoerente vermos empresas que divulgam um pretenso respeito as raças, venderem produtos que prometem clarear sua pele para que você encontre uma vida mais feliz. É nojento!

A Elle Índia de dezembro veio com uma capa controversa: a atriz e ex-Miss Mundo Aishwarya Rai está mais clara. Isso causou uma forte polêmica e agora Aishwarya quer checar se realmente houve um processo de clareamento via photoshop e, se confirmado, vai processar a publicação. Acha que a moça está errada?


Outro caso que chocou foi esse ano, na mesma revista, em que sua versão americana fez uma capa com Gabourey Sidibe, na qual ela também parecia mais clara. Coincidência?


No oriente, além da questão da pele, temos a busca por uma aparência ocidental. Algumas japonesas se submetem a cirurgia de ocidentalização dos olhos para ficarem mais parecidas com as ocidentais. O procedimento permite mudanças suaves nos olhos, a uma abertura dos mesmos, deixando-os mais arredondados com a chamada dobra de pálpebra superior (deixo os detalhes para os entendidos, rs). Não satisfeitas, essas mulheres ainda tingem seus cabelos dos mais distintos tons de loiro e os encacheiam, na busca por uma aparência longe da oriental. As principais expoentes da cultura, principalmente pop, do Japão adotam esse fenótipo. Confira Ayumi Hamasaki  e Kumi Koda.



Essa busca incessante par se adequar a padrões ocidentais (e europeus) nos faz não ver a real beleza, aquela que se manifesta na diversidade. Querer modificar nossa aparência visando uma padronização, o alcance de uma "beleza padrão", é pura tolice!

Mais cruel ainda: ela mascara influências históricas, práticas que estão muito mais arraigadas na nossa cultura. Remonta às relações entre colonos e colonizadores, entre cultura in e out, entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Ela denuncia um multiculturalismo que aparece nos versos das músicas que mesclam japonês com inglês, nas madeixas alisadas de moças africanas, nas pílulas que compramos pelo telefone para ficarmos magras! Por que mesmo com esse discurso individualista de "eu sou único e me orgulho disso", mais e mais eu vejo uma padronização no melhor estilo "ser loira, magra e rica"? Isso não diz nada a você?

Volto a dizer, como afirmei em post anterior, não vejo mal algum na pessoa desejar mudar sua aparência para algo que ela julgue mais bonito. O problema é quando essa mudança está embasada numa busca de aceitação/ enquadramento num grupo. E a questão que se coloca é: existe alguma decisão que esteja apartada desse contexto histórico/cultural do enquadramento, da aceitação? (Bourdieu explica!)

Pintar meu cabelo de loiro, fazer cirurgias e/ou emagrecer absurdamente, negligenciando minha própria saúde, não me parece a mais acertada das decisões.

http://crystalrenn.com/

Fica a dica! =) 

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