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Moda e Mídias Sociais

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Acho que ninguém que mexe com internet, hoje em dia, vive sem as famosas mídias sociais. Elas podem ser consideradas como uma das principais tendências da sociedade contemporânea. Do Orkut, passando pelo Facebook, Twitter e etc... Até desconfio daquele que opta por não ter alguma mídia.

As mídias sociais afetaram a forma como nos comunicamos. Mudaram a forma como nos relacionamos. Nos aproximou daqueles que nunca falamos na vida "real", nos ajudou a restabelecer contatos perdidos e ampliou nosso leque social. 

Acima de tudo, as mídias sociais ampliaram (e vulgarizaram) nosso acesso à informação. Nunca soubemos tão rápido das coisas. Se vivíamos velozes, com as mídias esse tempo acelerou mais ainda. Somos bombardeados de tantas informações a todo instante que sequer temos tempo de digerí-las. Perdemos muito tempo nos atualizando de tudo que ocorre dentro e fora da internet só pelas mídias. E quando terminamos, novas informações já foram geradas.

Conhecemos, também, o poder dessas mídias. Atores que nunca teriam voz, hoje possuem. Basta uma linha, um computador, e um anônimo numa conta do Twitter posta algo que pode cair nas graças de todos. Nunca tantos tiveram acesso a palavra, inteiramente democrática. E todos tem algo a dizer, do mais pessoal ao mais coletivo. A informação está lá, bastando apenas ser descoberta.

O que me choca é que as mesmas razões que levaram ao boom e sucesso das mídias levaram também a um certo "tiro no pé". Digo isso, porque a mesma velocidade que implicou, necessariamente, numa ampliação e aceleração do alcance da informação, desembocou numa perda de credibilidade.

Por esses dias estava vendo uma entrevista com uma senhora que não me lembro o nome, mas era da área de jornalismo de Moda. Lembro que ela disse: Hoje não importa que se poste o melhor conteúdo. Hoje importa que se poste. Depois iremos refinar o que foi postado. A velocidade vem antes da qualidade. Quem possui o melhor feeling de ir onde o fato está, estará na frente, independente se é a invasão do morro do Alemão ou o SPFW. Expõe-se uma foto, escreve-se 140 caracteres de impressões parciais sobe algo e depois de tudo, fazemos um balanço, uma palavra definitiva sobre.

Como as mídias são democráticas (bastando somente um login), elas se popularizaram muito. E foi essa democratização, com esse aceleramento a informação que, talvez, tenha ajudado em sua banalização. E muitos setores que poderiam ganhar com um bom uso das mídias sociais preferem se manter a margem delas.

Lembro-me dos olhares incrédulos quando da decisão de ingressar um laboratório de estudos da minha universidade nas mídias sociais. Um evento deveria acontecer e todos estavam um pouco receosos sobre como usar as mídias para divulgar um evento de História e para angariar público. Desconfiaram da cobertura realizada das conferências via Twitter, onde pontos interessantes dos palestrantes eram postados para dar um panorama geral do tema debatido. Claro que sabíamos que não eram nem 30% do que estava sendo dito ali, naquela sala. Mas era, em linhas gerais, um meio de divulgar o pensamento do autor. Em instância maior: de inserir a universidade e suas práticas/pensamento (tantas vezes afastadas da sociedade) lá, na internet. para todos verem.

Talvez o medo desses pessoal seja o de ocorrer com eles exatamente o que ocorreu em outras áreas, especialmente o da Moda: vulgarização da informação.

Hoje, existem tantos blogs de moda, tanta pessoas escrevendo, falando, produzindo informação sobre e divulgando essa informação que fica até difícil averiguar sua credibilidade. Trata-se de um esforço muito maior de averiguação do que de acesso ao dado. Temos que desconfiar de tudo que lemos, muito mais do que há 5anos atrás.

Vc confia em tudo que lê?

Coberturas de desfiles inteiros são feitos enquanto as modelos ainda desfilam. Você toma conhecimento das possíveis futuras tendências em doses homeopáticas: Muitas franjas no desfile!, Cores quentes irão dominar a estação, Vejo barras assimétricas!, As plumas irão voltar? e por ai vai... E quando leio essas coisas, me pergunto: até onde a preocupação em divulgar uma informação sem a devida reflexão é benéfica? Claro, não vamos ficar ad eternum pensando, criando teses e explicações acadêmicas para tudo, com um tom quase definitivo. Não é isso. Mas por que postar, divulgar coisas que sequer sabemos o "final" (levando  em conta que as coisas não tem um "final" e, sim, distintos desdobramentos - o final do desfile, do evento, dos eventos correlatos... - e todos eles nos trazem diferenciadas respostas e reflexões). 

A coisa se agrava ainda mais quando pensamos que, se por um lado, a mesma pessoa quem posta enlouquecidamente informações buscando justamente vencer o tempo e estar o mais "fresco" possível em termos de notícias, essa mesma pessoa, irá buscar a informação mais coerente, embasada. No caso da Moda, os consumidores não se contentam simplesmente em receber informações de desfiles ou tendências, buscam, antes de tudo, interação com a marca, gerando conteúdos que desafiam as práticas tradicionais de comunicação e marketing. Hoje não adianta mais impactar, persuadir e convencer. A nova ordem, ditada pelas mídias sociais, é informar, engajar, envolver e entreter. A interatividade, rapidez na obtenção de dados, seletividade e capacidade de gerar conteúdos interessantes nas mídias sociais são demandas cada vez mais crescentes do público consumidor dessas mídias. E eu pergunto: o quanto de fato isso tem sido feito? Conto nos dedos as poucas empresas/pessoas que sabem utilizar bem as mídias de forma a não somente informar sobre Moda enlouquecidamente, mas produzir um conhecimento, fazer diferença.

Esse texto não é uma anti-propaganda às mídias. Mas um convite a reflexão. Como diria Erik Qualman: Nós não temos a escolha se devemos usar mídia social, a questão é a forma como vamos usá-la.

Fica a dica! =)

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